quinta-feira, dezembro 07, 2006

O TRABALHO

Oh trabalho vai-te embora
Que eu já estou desesperado
Só de pensar em trabalho
Fico logo cansado

Fico logo cansado
A todos eu vou contar
Inventaram o trabalho
Mas não querem trabalhar

Mas não querem trabalhar
O que é que eu faço agora
Estou cansado de gritar
Oh trabalho vai-te embora

Oh trabalho vai-te embora
Que eu já estou desesperado
Eu não posso trabalhar
Porque já nasci cansado

2006-12-07

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Srª Idília Leocádio

A Srª Idília Leocádio
Tem umas idéias fernéticas
No seu lindo pensamento
Descobriu há pouco tempo
Que tem uma veia poética

Faz versos de ocasião
Que me deixam encantado
Alguns que me fazem rir
Mas gosto muito de ouvir
A Srª Idília Leocádio

São lindas as suas quadras
Lindas as suas malécticas
Não sabe ler nem escrever
Mas para quem compreender
Tem umas idéias fernéticas

Tem artrites reumatóides
Tem um grande sofrimento
Não é feliz o seu estado
Mas recordar o seu passado
No seu lindo pensamento

Tem uma linda colectânea
Tem versos feitos ao vento
Com a linda voz que tem
E que canta muito bem
Descobriu há pouco tempo

Puxem por ela e verão
Que não é nada patética
Mostrando os dotes que tem
Irão descobrir também
Que tem uma veia poética.

Feito pelo cunhado Gualdino Maria Costa
Nov/2006

sexta-feira, novembro 03, 2006

AS PEDRAS DA MINHA RUA

As pedras da minha rua
Entendem tudo o que eu digo
Quando vou a passar
Se elas me ouvem chorar
As pedras choram comigo

As pedras choram comigo
Porque é sua a minha dor
Elas estão magoadas
Tristes de serem pisadas
E eu triste sem ter amor

E eu triste sem ter amor
Porque é que a vida é assim?
E eu vivo desiludida
Eu dei tanto amor na vida
Que hoje não tenho amor p’ra mim

sexta-feira, setembro 29, 2006

TENHO CIÚMES

Tenho ciúmes de tudo
Até das pedras da rua
Elas me fazem lembrar
Do tempo que eu era tua

Do tempo que eu era tua
E que tu nem me ligavas
Mas com as pedras da rua
Sempre as acarinhavas

Sempre as acarinhavas
E eu via passar o tempo
Em que tu não te importavas
De todo o meu sofrimento

De todo o meu sofrimento
Do tempo que eu era tua
Por isso eu tenho ciúmes
Até das pedras da rua

quarta-feira, setembro 27, 2006

PERDI MEU CORAÇÃO

Convidaram-me para uma festa
Foi uma grande confusão
O que se passou não sei
Quando a casa cheguei
Não tinha meu coração

Não tinha meu coração
E nem sei que se passou
Que mal tería eu feito,
Ou ele fugiu do peito
Ou alguém que mo roubou

Voltei de novo à festa
E abalei a chorar
Quando ia pelo caminho
Encontrei um rapazinho
Com o meu coração a brincar

Eu fiquei muito feliz
Mas ele ficou zangado
E me respondeu assim,
Não quer mais p’ra mim
Não gosta de estar fechado

Não gosta de estar fechado
Faça eu o que fizer
Diz que não gosta de mim,
Que eu não faço o que ele quer

O TEMPO

Eu fui procurar ao tempo
Quanto tempo o tempo tem
O tempo não tinha tempo
Para falar com ninguém

Para falar com ninguém
E eu fiquei amargurada
Perdi o tempo com o tempo
Não tenho tempo para nada

Não tenho tempo para nada
E o tempo nem se comoveu
O tempo tem que devolver
Todo o tempo que era meu

Todo o tempo que era meu
O tempo tem que devolver
Porque perdi o meu tempo
E sem tempo não sei viver

E sem tempo não sei viver
Sem tempo não posso amar
Sem tempo não sei correr
Sem tempo posso parar


2006/09/27

sexta-feira, setembro 22, 2006

A VAIDADE

Não te entregues à vaidade
Para não ficares diferente
Seja de noite ou de dia
Não é boa companhia
Estraga a vida a muita gente.

Eu nunca fui vaidosa
Em toda a minha vida inteira
Digo com sinceridade
Eu não gosto da vaidade
Porque ela é traiçoeira.

Não precisa ter vaidade
Por a vida lhes correr bem
Quem não teve sorte na vida
Nunca a trates com desdém.

Eu gostava de ser rica
E não viver iludida
E saber como se goza
Mas se for para ficar vaidosa
Eu quero ser pobre toda a vida.

2002-10-17

UMA GAIVOTA

Uma gaivota no mar
Anda peixinhos pescando
E me viu aproximar
A gaivota foi voando

A gaivota foi voando
Fui seguindo o meu caminho
E me viu aproximando
Deixou cair o peixinho

Deixou cair o peixinho
Quando virou o pescoço
A gaivota foi chorando
Sem nada para o almoço

Sem nada para o almoço
Para dar ao seu filhinho
Eu me fui aproximando
Deitei-lhe um peixe no ninho

2004/03/21

UMA FLOR ABANDONADA

Tenho uma florzinha
Que se chama trepadeira
Estava triste e sozinha
Em cima de uma lixeira.

Não sei quem a abandonou
Quem ali a foi deixar
A florzinha chorou
Quando eu ia a passar.

Apanhei-a devagarinho
Estava triste quase morta
Plantei-a com jeitinho
Em frente da minha porta.

2001/10/17

TEMPO NÃO VOLTES PARA TRÁS

Tempo não voltes para trás
Lembra-te do que eu pedi
De novo te vou dizer
Que não me deixes sofrer
Tudo o que eu já sofri.

Parece que estou a ver
Como a minha mãe sofria
Eu era muito criança
Fiquei com a herança
Que foi da minha mãe um dia.

Era muito criancinha
Ia a minha mãe e eu
Agora que sou velhinha
Lembro-me da minha mãezinha
Sofro como ela sofreu.

2002/06/13

SE EU SOUBESSE ESCREVER

Se eu soubesse escrever
Muita coisa eu escrevia
Escrevia a minha tristeza
E também a minha alegria.

Não posso pôr num papel
Porque eu não sei escrever
Guardo na minha memória
Mas isso não dá para ler.

Julgam que eu estou alegre
Porque me ouvem cantar
Muita gente não percebe
Que eu canto p’ra não chorar.

Faço os meus versos cantando
E eu não sou cantadeira
Porque não os sei escrever
Faço-os à minha maneira.

2001/05/09

SE ESTOU ALEGRE

Se estou alegre
Canto e torno a cantar
E se estou triste
Canto para não chorar.

Porque a alegria
Pode vencer a tristeza
Ela vai-se embora
E não volta com certeza.

Por isso eu canto
Que assim me sinto bem
Porque não penso
Nas mágoas que a vida tem.

Não vale a pena
Levar a vida chorando
Desde pequena que eu vivo
A minha cantando.

SAUDADES

Que saudades que eu tenho
Da mocidade perdida
Que tão cedo me deixou
E disse-me que abalou
Foi dos desgostos da vida.

Era a minha companhia
Quer de noite quer de dia
Estava sempre comigo
Vou-te dizer a verdade
Minha linda mocidade
Deixaste-me por castigo.

Se tu puderes voltar
Cá estou eu para te abraçar
A qualquer hora do dia
Digo com sinceridade
Volta linda mocidade
E traz a minha alegria.

Sem ti não posso viver
E não sei o que fazer
Mas não falo com rancor
Tenho tanta saudade
Volta para mim mocidade
Traz contigo o meu amor.

2001/10/17

QUATRO ROSAS

Tenho uma rosa vermelha
E outra rosa cor-de-rosa
Uma branca e outra amarela
Não sei qual a mais cheirosa.

Quando eu passo por elas
Cada uma se agita
Querem ouvir eu dizer
Qual delas é a mais bonita.

E quando me vêm triste
E não digo nada a ninguém
E se me vêm chorar
As rosas choram também.

2001-07-25

QUANDO EU FOR À MINHA TERRA

Quando eu for à minha terra
Ainda te hei-de levar
Para veres como ela é linda
Onde eu gostei de morar.

É uma terra encantadora
Mais bonita do que eu digo
Quando eu for à minha terra
Hei-de te levar comigo.

Hei-de te levar comigo
Se quiseres ir passear
Se fores à minha terra
Não passas sem lá voltar.

2002/01/06

PORTINHO DA ARRÁBIDA

Fui ao Portinho da Arrábida
Nunca lá tinha ido
Ouvi cantar as cigarras
Como nunca tinha ouvido.

No rio andavam barquinhos
E as gaivotas a voar
Na serra os passarinhos
E eu na areia a brincar.

E eu na areia a brincar
Entendem bem o que eu digo
Eu gosto de ver o mar
Mas nadar não é comigo.

2002/07/17

POETA NÃO SEI PORQUÊ

Dizem que eu sou poeta
Alguns me chamam assim
Estou quase sempre calada
Sinto-me envergonhada
Tenho vergonha de mim.

Não é porque eu seja má
É de não saber escrever
E não ter ido à escola
Vergonha de alguém saber
Que um dia eu pedi esmola.

Já muitos me têm dito
Quando Me ouvem contar
Pedir até é bonito,
Vergonha sim é roubar.

2003/08/18

DESENHOS NAS NUVENS

Eu estive a pintar nas nuvens
Não tinha lápis na mão
Foi só com o meu olhar
E a minha imaginação

Vi lá desenhos tão lindos
Como nunca tinha visto
Vi uma mão acenar
E o rosto de Jesus Cristo.

Ponham-se bem a olhar
Com muita imaginação
Quanda uma nuvem passar
E os desenhos que lá estão

E os desenhos que lá estão
Lindos, são uma beleza
Não tinha lápis na mão
Que bonitos que eles são
Pintados p'la natureza

27/11/2003

PARA TI MINHA MÃE

A minha querida mãezinha
Ela partiu coitadinha
Deixou-me e foi-se embora.

Eu fiquei nela a pensar
Muito triste a chorar
Ainda a minha alma chora.

Mãe, porque é que tu abalaste
E por mim tanto choraste
E eu por ti estou chorando.

Mãe, e chora o meu coração
Porque hoje é dia da mãe
É para ti esta canção.

Eu juro enquanto eu viver
Enquanto eu puder ser
E enquanto eu for capaz

Sei que não te vou mais ver
Mas enquanto eu viver
Vou sempre onde tu estás.

Mãe, dona do meu coração
Nada mais te posso dar
Fiz para ti esta canção.

2002/05/05

OS MEUS PENSAMENTOS

Estes são os meus pensamentos
E parte dos desalentos
Que eu sofri na minha vida.

Digo com muita tristeza
Que eu passei com a pobreza
Que ainda não estou esquecida.

A minha mãe era pobrezinha
Para nos dar nada tinha
Nem um pouco de alegria

Ouve o que eu te vou dizer
Para nos dar de comer
Muitas vezes nem comia.

2002/01/06

OS IDOSOS

Meus avós eram velhinhos
Meu pai e minha mãe
Tão velhinhos que ficaram
Agora os anos passaram
E eu estou velhinha também.

Parece que estou a ver
Quando eu era rapariga
Agora mas que chatice
Estou entregue à velhice
Porque a idade me obriga.

2001/11/19

OS CAMINHOS QUE EU ANDEI

Andei estradas e caminhos
Do vale subi ao monte
Junta com os passarinhos
Bebia água na fonte

Com a enxada cavava
Arroz plantava à mão
E com a foice ceifava
Assim se ganhava o pão.

Começava a trabalhar
Assim que o sol nascia
Só o podia deixar
Quando o sol se escondia.

2002/05/09

O VENTO

Ó vento sopra baixinho
Segue lá o teu caminho
Mas não faças avarias

Porque isso era demais
Não faças vendavais
Como noutros tempos fazias

Eu morava numa casinha
Simples e já velhinha
Tu passavas apressado

Parece que vejo ainda
Aquela casinha tão linda
Que deixaste sem telhado.

E eu fiquei ao relento
À chuva ao frio e ao vento
Tu abalaste assim.

E vê lá se achas bem
O que me fizeste a mim
Não faças a mais ninguém.

2001/12/09

O VENTO QUE PASSA

Perguntei ao vento que passa
Se sabia a minha graça
De tanto passar por mim

O vento não disse nada
Eu fiquei envergonhada
De lhe ter falado assim

O vento abalou soprando
E ali fiquei olhando
Para ver aonde ele ia

Vê lá bem por onde vás
E o vento voltou para trás
Para me dizer bom dia

Fiquei feliz e contente
Fui contar a toda a gente
Que o vento era meu amigo

E vamos de lado a lado
Juntinhos de braço dado
E o vento fala comigo

2004/03/01

O PASSARINHO DA PAZ

Queria ser um passarinho
E que pudesse voar
Corria o mundo inteirínho
Só para a guerra acabar

Acabava com o ódio
E com a ganância também
Nunca mais havia guerra
Nem fome para ninguém

2002-10-17

O MEU TRISTE NATAL

Não gosto muito do Natal
O porquê eu vou dizer
Eu posso até estar errada
Dantes não havia nada
Para dar nem receber

Num dia de Natal
Levantei-me de manhãzinha
Vejam como agora é
À volta da chaminé
Para cada um uma laranjinha

E nós ficámos felizes
As laranjinhas descascando
Ficou tudo admirado
Quando olhámos para o lado
Os meus pais estavam chorando

Não vale a pena chorar
Só é preciso esperar
Aqui só mais um pouquinho
Não chores querida mãezinha
Se a laranja for docinha
Eu dou-lhes um bocadinho.

2002-10-17

O MEU ROSTO JÁ VELHINHO

Eu olhei as minhas mãos
E o meu cabelo branquinho
Aí chorei de desgosto
Quando olhei para o meu rosto
Meu Deus como está velhinho.

Ali fiquei a chorar
Quase não podia falar
Fiquei triste e amargurada

Fiquei desiludida
Sempre tratei bem a Vida
E ela não me deixou nada.

2002/02/24

O MERCADO DA POESIA

Fui ao mercado da poesia
Certo dia passear
Ia vender paciência
Mas ninguém ma quis comprar.

Eu voltei a insistir
E a pedir-lhe porém
‘leve um pouco de paciência
que não faz mal a ninguém.’

No outro dia voltei
Desta vez para comprar
Vi lá uma janela
Que eu gostava de levar.

Era a janela da esperança
Que me mostrava o mundo inteiro
Quando fui para pagar
Não me chegava o dinheiro.

Não me chegava o dinheiro
E eu fiquei arreliada
Fiquei com a paciência
Mas não me resta mais nada.

2001-08-05

O ANJINHO

Quando vou a caminhar
Deus manda-me sempre um anjinho
É para me acompanhar
E até comigo falar
Ao longo do meu camimho.

Assim nunca estou sózinha
Ando sempre acompanhada
Ao lado do bom anjinho
Vou seguindo o meu caminho
Nem dou pela caminhada.

06/10/2003

AMOR AOS PAIS

Quem não deu a mão ao seu Pai
Nem estimou a sua Mãe
Se nunca lhe deu carinhos
E os deixou sempre sozinhos
Fica sozinho também.

Que isto sirva de lição
Embora tarde demais
É o que eu digo porém
Quem não deu amor aos Pais
Não recebe amor de ninguém.

2002/02/20

NUMA NOITE OUVI CHORAR

Numa noite ouvi chorar
No meio da escuridão
Acordei assustada
A cama estava molhada
Chorava o meu coração

Chorava o meu coração
Estava muito desmorecido
Eu chorei e ele chorou
Que o meu coração sonhou
Sonhou que eu tinha morrido

Sonhou que eu tinha morrido
E que ee estava sozinho
Dizia não pode ser
Como é que eu vou viver
Sem ter amor nem carínho

E eu lhe respondi
Com um ar assim risonho
Deixa-te estar descansado
Que eu estarei sempre a teu lado
Que aquilo foi só um sonho

2006/09/20

MÊS DAS ROSAS

Mês de Maio, mês das rosas
No mês de Maio eu nasci
Aquelas rosas cheirosas
Que eu comprava para ti

Que eu comprava para ti
E até ficava vaidosa
No mês de Maio eu nasci
E não tenho nome de rosa

E não tenho nome de rosa
Nem de qualquer outra flor
Se o meu nome fosse Rosa
Era a rosa do meu amor

Era a rosa do meu amor
Queria-o sempre ao pé de mim
Se eu fosse uma flor
A minha casa era um jardim

2006/09/21

MAIS UMA VEZ A ESTÊVA

Tenho um pézinho de Estêva
Tenho três de rosmaninho
Que eu via sempre na serra
Quando fui à minha terra
Apanhei-os pelo caminho.

As florzinhas do campo
Lindas como as do jardim
Não têm jardineiro
São bonitas mesmo assim.

Quando chega a primavera
O campo fica um jardim
Brancas azuis e amarelas
Não posso ir par’ó pé delas
Trago-as par’ó pé de mim.

Foi no campo que eu nasci
Com as florzinhas vivi
E elas comigo também.
Mesmo à beira do caminho
Eu apanhava um raminho
E ia dar à minha mãe.

2002/04/15

JÁ NÃO SOU QUEM ERA ANTES

Já não sou quem era antes
A alegria foi-se embora
Os pensamentos estão distantes
Ai, o meu coração chora

Ai, o meu coração chora
Que me sinto tão cansado
Já não sou quem era antes
Já nem sei cantar o fado

Já nem sei cantar o fado
Que me sinto tão cansada
Já não sou quem era antes
Não tenho forças para nada

O verso que eu fiz agora
Há muito que não fazia
Porque o meu coração chora
Mas desta vez de alegria

2004/02/26

HOMEM TEIMOSO

Oh que raio de vida a minha
Oh que homem tão teimoso
Eu falo e torno a falar
Parece que lhe dá gozo

Parece que lhe dá gozo
De me ver sempre zangada
Eu falo e torno a falar
Ele não me responde nada
27/11/2003

GOSTO DA MINHA CASA

Gosto da minha casinha
Tão simples e pobrezinha
É pequena como eu.

Apesar de ser baixinha
Pobre mas ela é minha,
Presente que Deus me deu.

Eu gosto de morar nela,
Que é tão bela
Tenho amor e sinto carínho.

À noite vou-me deitar
Se me apetece chorar
Eu choro devagarinho.

Mas se ela me vê chorar
Fica a olhar
Só para me distrair.

E depois diz-me baixinho
Chora mais devagarinho
Para ninguém te ouvir.

Eu gosto muito dela,
Falo à janela
E ela comigo também.

Eu assim não tenho medo
Contei-lhe o meu segredo
E ela não diz a ninguém.

Como nós somos amigas,
Nem me digas
Estamos sempre juntinhas.

É assim todos os dias
Conta-me as suas avarias
E eu a ela conto as minhas.

2002/05/29

FUI PROCURAR AO VENTO

Eu fui procurar ao vento
Qual é o seu sofrimento
Porque anda sempre a soprar
E o vento me respondeu
Que a culpada era eu
Que não o deixo passar

E eu fiquei a olhar
Sem saber o que falar
Esta é a minha sina
Sei muito bem o que faço
Ocupo pouco espaço
E a minha casa é pequenina

Por isso podes passar
Não andes sempre a soprar
Que já me faz confusão
Ouve bem o que eu te digo
Vieste falar comigo
Com sete pedras na mão

1998/05/07

FUI PROCURAR À LUA

A Lua que está no alto
Lá de cima tudo vê
Eu fui procurar à Lua
Muita coisa que eu não sei.

Muita coisa que eu não sei.
Mas gostava de saber
Eu fui procurar à Lua
E ela não me quis dizer.

Falei-lhe dos meus amores
E até dos meus dissabores
E o que eu faço no dia-a-dia.

A Lua não disse nada
Ficou rindo à gargalhada
E disse-me que já sabia.

A Lua não é vaidosa
Mas é muito curiosa
Tu sabes e eu também sei.

Voa como um passarinho
Como está lá no altinho
Tudo sabe e tudo vê.

2001-11-30

FIZ UM PEDIDO A DEUS

Meu Deus desce a terra
Nem que seja um só segundo
Para acabar com a guerra
Meu Deus vem salvar o mundo.

Meu Deus vem salvar o mundo
Rezando te estou a pedir
Nem que seja um só segundo
Meu Deus deita as mãos ao mundo
E não o deixes cair.

Fizeste-o com tanto amor
Para nada nos faltar
Eu te peço por favor
Desce à terra meu Senhor
E vem o mundo salvar.

EU GOSTO DAS DUAS

Eu nasci na Aldeia
Vim morar para a cidade
Lá era à luz da candeia
E aqui electricidade.

Esta é uma Cidade linda
Que eu amo, estimo e adoro
Mas é a realidade
Quando me chega a saudade
Pela minha Aldeia eu choro.

E quando a vou visitar
Só regresso ao serão.
Para estar mais à vontade
Levo comigo a Cidade
Juntinho ao meu coração.

Se estou com uma quero a outra
E cada qual faz das suas.
Não sei o que dizer
Ou o que possa fazer
Só sei que gosto das duas.

Esta é a realidade
Acreditem porque é verdade
O que eu penso é mesmo assim
É como lhes vou dizer
Quem me dera poder ter
As duas juntinho a mim.

2001/01/21

ESTIMEM A NATUREZA

Eu gosto da Natureza
Gosto da noite e do dia
Podem ter a certeza
Se não fosse a Natureza
O Mundo não existia.

Gosto muito das flores
E eu adoro os amores
Que não tenham falsidade
Digo isto tanta vez
Gosto de tudo o que Deus fez
Para o bem da Humanidade.

Gosto do Céu e da Terra
Mas eu não gosto da Guerra
Porque só nos traz tristeza

Façam lá o que quiserem
E digam o que disserem
Mas estimem a Natureza.

2002/02/25

É NATAL

É Natal
Anda, vamos dar as mãos
Para mostrarmos ao mundo
Que somos todos irmãos.

Vamos esquecer o ódio
E por de lado a maldade
Para que todos os dias
Só haja felicidade.

Da minha janela eu vi
Um Anjo cheio de luz
Ele veio anunciar
A chegada de Jesus.

DUAS BALANÇAS

Fui comprar duas balanças
Que estão sempre ao pé de mim
Foi tão grande a confusão
Uma balança pesa o não
E a outra pesa o sim.

Estão sempre em desacordo
Porque os salários são iguais
Foi maior a confusão
A balança que pesa o não
Queixa-se que trabalha mais.

Agora fui-as mudar
Achei que era bem assim
Foi tão grande a confusão
A balança que pesava o não
Agora pesa o sim.

E a outra ficou zangada
Diz que não achou graça
‘’já não suporto esta gente’’
Diz que ficou doente
Foi-se embora está de baixa.

2001/01/06

DEI-TE TUDO NA VIDA

Tu fizeste um poema
Com cheirinho a alfazema
Rosmaninho e alecrim
E um pouquinho de erva doce
Quem me dera que fosse
Esse poema para mim

Esse poema para mim
Ia ficar encantada
Eu sei que tu és assim
Davas-me o poema a mim
Que nunca me deste nada

Eu dei-te tudo na vida
E o que me deste, tiraste
Eu vivia iludida
Até o gosto pela vida
Tu um dia me levaste

Quando te fui encontrar
Para contigo falar
E contar-te o meu sofrer
Tu não quiseste ouvir
Viraste as costas a rir
E não quiseste saber

2006/09/20

DA PRAIA AO ALENTEJO

Fui à praia vi o mar
E no jardim as flores
Fui à cidade passear
Vi poetas e doutores.

No campo vi passarinhos
E o gado andava a pastar
Guardado pelos cãezinhos
E os lobos a uivar.

Na aldeia vi raparigas
Que moram no cimo do monte
Cantando as suas cantigas
Quando vão juntas à fonte.

Vi um grupo de Alentejanos
Cada um com seu cajado
Meu Deus o que eu já fiz hoje
Que me sinto tão cansado.

Que me sinto tão cansado
O melhor é ir para a cama
Ele há tantos preguiçosos
Nós é que temos a fama.

2002/04/24

CORAÇÃO AMIGO

Ó coração meu amigo
Companheiro e dedicado
Entendes tudo o que eu digo
Estás sempre do meu lado

Se choras eu também choro
Se sorris sorrio também
Ó coração meu amigo
Não somos de mais ninguém

Tu és meu e eu sou tua
Não é de qualquer maneira
Porque enquanto tu bateres
É a nossa vida inteira

Um dia quando parares
Não vou contar a ninguém
Digo com delicadeza
Podes ter a certeza
Aí eu paro também

2003/11/27

ERA UM CANTEIRO FLORIDO

Os meus pais tinham canteiros
Com cinco roseiras nascidas
E no meio dois craveiros
Ao pé das rosas floridas

Duas roseiras secaram
Um craveiro também secou
Outras duas abalaram
Só uma roseira ficou

Só uma roseira ficou
Num canteiro sem flores
O outro craveiro abalou
Separaram-se os amores

Separaram-se os amores
Nunca mais demos as mãos
Num canteiro cheio de flores
Meus pais, eu e meus irmãos

Foram partindo dia a dia
Estas são as verdades
E cada um que partia
Deixava-nos mais saudades

2004/02/28

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

O mundo dá tantas voltas
Ele anda sempre a girar
Eu dei tantas voltas no mundo
Nem me consigo encontrar.

Se o mundo um dia parasse
E se o sol nos faltasse
Tudo seria diferente
Se o céu deixar de brilhar
E se a lua se apagar
O que seria d’agente?


2002/07/17

AS DORES QUE EU SINTO

Se as dores se pudessem ver
Assim tu ias saber
Como é grande o meu tormento.

Ando quase sempre a cantar
Para as dores disfarçar
E aliviar o sofrimento.

Eu canto sem alegria
Isso é que ninguém sabia
Mas agora eu vou contar.

Quem não me estiver vendo
Minha boca está cantando
E o coração a chorar.

É tão grande o sofrimento
Eu digo neste lamento
Quase que não posso suportar.

Quem me estiver a ouvir
Julga que eu me estou a rir
E eu estou tão triste a cantar.

2002/01/31

ARRÁBIDA FLORIDA

Arrábida está florida
Com um manto de flores
Contou-me uma história
Que aprendeu com seus amores.

Quando os namorados lá vão
À noitinha passear
Ficam sentadinhos no chão
Só para verem o luar.

Ouvem as ondas do mar
Vêm o Sado a correr
Ficam sentadinhos no chão
Até a maré encher.

Eu quero ir à Arrábida
Um dia pela tardinha
Se não arranjar namorado
Eu vou lá mesmo sozinha.

2002/03/04

AQUI

Aqui e agora
Eu acabei de chegar
Queria fazer um verso
Mas não consigo rimar.

Fico aqui sentadinha
Um pouco envergonhada
O melhor é ir-me embora
Que eu estou aqui a fazer nada.

Todos escrevem os seus poemas
Eu não sei escrever os meus
O que é que eu estou aqui a fazer
Vou-me embora adeus adeus.


2001/11/18

ALENTEJO DOURADO

Meu Alentejo dourado
No Alentejo nasci
Alentejo és muito amado
Todos gostamos de ti

Se fores triste ao Alentejo
Quando voltares vens calminho
Porque o sol do Alentejo
Mesmo no inverno é quentinho

Mesmo no inverno é quentinho
Naquela linda terra minha
Porque lá no Alentejo
Deixei tudo quanto tinha

Deixei tudo quanto tinha
Não me vão levar a mal
Ausentes do Alentejo
Somos um grupo coral

10/11/03

A VISITA

Se quiseres vir à minha casa
Toma atenção ao que eu digo
Fica ao virar da esquina
É uma casa pequenina
Pobre e parecida comigo

O ódio não entra lá
A vaidade também não
Esta é a minha casinha
Cabe toda inteirinha
Na palma da minha mão.

E quando tocares à porta
Espera mais um bocadinho
Sou eu que estou distraída
Fazendo os poemas da vida
Para tu leres no caminho.


2001/11/18

A VIDA

A vida quem tem a vida
Estime-a para não a perder
Que a minha foi destruída
Tão cedo fiquei sem vida
E sem gosto para viver.

Quem nunca teve tristeza
E viveu só de alegria
Eu confesso que não entendo
De tristeza já nem me lembro
Se fui alegre algum dia.

Nunca brinquem com a vida
Que cada um tem só uma
Ficamos sem respirar
Quando esta vida acabar
Não temos mais nenhuma.

A alegria abandonou-me
E o meu gosto de viver
Sinto que estou desprezada
Por me ver abandonada
Mais me valia morrer.

2002/03/02

A nuvem

Nuvem não tapes o sol
Deixa passar o calor
Que eu estou tremendo de frio
À espera do meu amor.

Abalou de manhãzinha
Não há meio de voltar
Nuvem não tapes o sol
Até o meu amor chegar.

Para não arrefecer
O meu coração magoado
Que o meu amor abalou
E anda com outra ao lado.

A MODA PIMBA

Dantes quando eu cantava
Não animava ninguém
Apareceu a moda pimba
Eu canto pimba também.

Pimba pimba no padeiro
Pimba na mercearia
Pimba no supermercado
E pimba na peixaria.

Quando o meu marido fala
Eu não vi coisa mais linda
Pede-me com todo o carinho
‘tu não faças tanto pimba’.

Eu não lhe dou ouvidos
Logo me vou levantar
Pego na minha carteira
Começo logo a pimbar.

Pimba pimba nas alfaces
Pimba no pão com chouriço
Pimba no bacalhau
Ninguém tem nada com isso.

Quando vem o dia vinte
Aí eu vou descansar
Não há pimba para ninguém
Até o fim do mês chegar.

Quando olho para trás
Aí eu oiço falar
O que aquela mulher faz,
Que leva o dia a pimbar.

Eu não respondo nada
Digo mal à minha vida
Se eu não pimbo todo o dia
Em casa não há comida.

A moda do pimba pimba
Vai dar muito que falar
Quando chega o dia um,
Lá estou de novo a pimbar.


2002-10-17

A Mocidade

Vi partir a mocidade
Na pétala de uma flor
Só deixou a saudade
E levou o meu amor.

Depois fiquei a olhar
Vendo ela se aproximar
De uma linda nuvenzinha.
E ali fiquei a chorar
Quando vi ela abalar
E que me deixou sozinha.

A mocidade abalou
Tudo o que era meu levou
Até o gosto de viver
Encontrá-la agora é tarde
Adeus adeus mocidade
Nunca mais te torno a ver.

2001/05/09

Á minha mãezinha

Ouve lá querida mãezinha
O que eu tenho para te falar
Como trataste a avózinha
Igual eu te vou tratar.

Nunca a abandonaste
Eu não te vou abandonar
Sempre bem a trataste
Eu bem te vou tratar.

Não dizias mal dela
Nem te queixavas a ninguém
Ficaste sempre com ela
Fico contigo também.

Faço a minha obrigação
Vou minha dívida pagar
Descansa querida mãezinha
Nunca te ponho num lar.


2001/05/09

A JANELA DA ESPERANÇA

Vi a janela da esperança
Que o bom Jesus me mostrou
Eu lhe pedi paz para o mundo
E depois a janela fechou.

Ouvi Jesus me pedir
Que por ele tivesse respeito
Que não brincasse com seu nome
Como muitos tem feito.

Eu agradeci a Jesus
Por ele me ter escutado
E disse-lhe que o seu nome
Para mim é sempre sagrado.

2001/10/17

A GUERRA NO MUNDO

O mundo está em guerra
Só se vê fome e terror
Vamos arrancar o ódio
Para plantar amor.

Com ódio nada se faz
Só ódio e mais ainda
Que reine o amor e a paz
Que não há coisa mais linda.

Vamos pedir ajuda a Deus
Que o Homem não é capaz
Só Deus nos pode ajudar
A pôr tudo no seu lugar
Para o Mundo ficar em paz.

Depois vamo-lhe agradecer
Tudo o que Jesus conseguiu
Que foi de novo fazer
O que o Homem destruiu.

2001/11/18

A ESTEVINHA JÁ CRESCIDA

A minha linda estevinha
Até que enfim deu flor
Está ao lado do rosmaninho
E eu vou apanhar um raminho
Para dar ao meu amor.

Se ela não ficar zangada
Eu fico muito feliz
A minha linda estevinha
Cada vez mais bonitinha
Já toda a gente me diz.

Fui ao campo e apanhei-a
Ela não levou a mal
A minha linda estevinha
Cada vez mais bonitinha
Crescendo no meu quintal.

Não é imaginação
É pura realidade
Não é ideia minha
Tenho mesmo uma estevinha
Acreditem que é verdade.

2002/02/25

A COZINHEIRA CANSADA

Levo os dias na cozinha
Estou farta de cozinhar
Não gosto de estar sozinha
Arranjei uma florzinha
Para comigo falar.

Ela não é exigente
Mas fica muito contente
Quando eu a ponho à janela
Parece que foi castigo
Ela não fala comigo
Eu é que falo com ela.

Estou cansada de trabalhar
Não posso mais lavar
Tachos, pratos ou panelas
Fazia arroz com feijão
Faço bacalhau com grão
E bebo ginginha com elas.

2002/02/27

A ALEGRIA E A TRISTEZA

Se estou alegre eu canto
Se estou triste canto também
Este é o meu segredo
Eu confesso que tenho medo
De o ensinar a alguém.

Podem não acreditar
Ou não lhe dar resultado
Eu confesso tenho medo
O melhor é o meu segredo
Eu guardá-lo bem guardado.

2002/02/27

1,60€

Quem vai ao jumbo
Por força tem que passar
Pela loja dos trezentos
E qualquer coisa comprar

E qualquer coisa comprar
Custa uma tuta e meia
Por ser tão baratinho
Eu já tenho a casa cheia

Eu já tenho a casa cheia
E o que é que eu faço agora
Para continuar a comprar
Tenho que ir deitando fora

Isso é estragar
Aquilo que não faz falta
Nunca se deve comprar.

2002-10-17