segunda-feira, agosto 17, 2015

Eu sou amiga do vento

Eu sou amiga do vento
E o vento é meu amigo
Entendo o que diz o vento
E o vento entende o que eu digo

Estive a falar com o vento
Que encontrei pelo caminho
Contei-lhe as minhas mágoas
E o vento chorou baixinho

E o vento chorou baixinho
Não falei a mais ninguém
Ao ver chorar o vento
Chorei baixinho também

Chorei baixinho também
Ficámos a conversar
Quando olhei para o céu
O sol estava a chorar

O sol estava a chorar
Eu só reparei depois
Que o sol ficou chorando
Ao ver-nos chorar os dois

Ao ver-nos chorar os dois
Penso nisto muita vez
Éramos dois a chorar
E agora já somos três

E agora já somos três
Muito que agente sofreu
Agora chora o sol
Chora o vento e choro eu

Idília Leocádio

Julho 2015

VOU CONTAR-TE OS MEUS DESEJOS

Vou contar-te os meus desejos
Jura que não gozas
Não tenho a quem dar beijos
Eu dou beijinhos às rosas

Eu dou beijinhos às rosas
Elas são os meus amores
Não tenho com quem falar
Eu falo com as flores

O sol é o meu amigo
E sempre preocupado
Diz-me ‘nunca estás sozinha,
Que eu estou sempre a teu lado’.

Que eu estou sempre a teu lado
E agora vamos falar
Quando à noite vou dirmir
Fica a lua em meu lugar.

Fica a lua em meu lugar
Eu sei que gostas dela
Quando estás a dormir
Ela entra pela janela

Ela entra pela janela
E podes estar descansada
Não penses que estás sozinha
Que estás bem acompanhada.

Idília Leocádio

Julho 2015

Verso do Bombeiro

O meu marido era bombeiro
Muitos fogos apagava
Depois apagava o meu
Assim que a casa chegava

Assim que a casa chegava
Não tinha tempo para comer
Era de qualquer maneira
Puxava logo a mangueira
Porque eu já estava a arder

Porque eu já estava a arder
Perto do meu coração
E tinha que descansar
Para eu o ajudar
Punha-me a mangueira na mão

Punha-me a mangueira na mão
Era assim o meu amor
Eu não sabia o que fazer
Ficava logo a arder
Ao sentir o seu calor

Ao sentir o seu calor
Em dias de soalheiro
Eu ficava logo a arder
Quando chegava o bombeiro

Quando chegava o bombeiro
Nem podia descansar
Agente pouco falava
Assim que a casa chegava
Vinha o meu fogo apagar


Idília Leocádio
2015

quinta-feira, abril 12, 2007

Vou contar a minha vida

Vou contar a minha vida
Para toda a gente saber
Mesmo que me chamem pateta
Sei ler mas não sei escrever
Eu sou meia analfabeta

Com um pouquinho de esforço
Talvez chegasse lá
Já passou a mocidade
Agora com esta idade
Paciência já não há

Eu nunca andei na escola
Não podia lá andar
Esta foi a minha sina
Logo desde pequenina
Comecei a trabalhar

Quando eu aprendi a ler
Acreditem podem crer,
Não há coisa mais bonita
É difícil de dizer
Acreditem podem crer
Eu julguei que estava rica

Setúbal do meu coração

Gosto tanto de Setúbal
Como gosto das flores
E gosto da minha terra,
Para mim são dois amores

Embora sejam diferentes
Para mim são tão iguais
As duas me tratam bem
Não sei de qual gosto mais

Na minha terra nasci
Setúbal me deu a mão
Por isso eu gosto das duas
Trago-as no coração

Setúbal linda cidade

Setúbal cidade linda
Eu te faço esta canção
Eu te amo, eu te adoro
Do fundo do coração

Do fundo do coração
Já não há quem assim pense
Estou aqui ha trinta anos
Eu já sou Setubalense

Eu já sou Setubalense
Cada vez te amo mais
Aqui nasceram meus filhos
E Aqui perdi meus pais

E Aqui perdi meus pais
Eu não estou desiludida
Uns nascem e outros morrem
Tudo faz parte da vida

Tudo faz parte da vida
E não me digam que não
Setúbal cidade linda
Eu te fiz esta canção

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Tenho um pézinho de estêva

Tenho um pézinho d...

Sou emigrante

Sou emigrante.mp3

Se estou alegre

Se estou alegre.mp...

Os caminhos que percorri

Os caminhos que pe...

Oh tempo não voltes para trás

Ó tempo não voltes...

O meu rosto já velhinho

O meu rosto já vel...

O meu pai e a minha mãe

O meu pai e a minh...

O mercado da poesia

O mercado da poesi...

Não te entregues à vaidade

Não te entregues à...

Não chames velhos aos velhinhos

Não chames velhos ...

Fui ao portinho da Arrábida

Fui ao portinho da...

Fui à praia vi o mar

Fui á praia vi o m...

Eu nasci na Aldeia

Eu nasci na Aldeia...

As pedras da minha rua

As pedras da minha...

As crianças que eu amei

As crianças que eu...

Andei estradas e caminhos

Andei esttradas e ...

A minha querida mãezinha

A minha querida mã...

A minha linda estevinha

A minha linda este...

A minha casinha

A minha casinha.mp...

A lua que está no alto

A lua que está no ...

A infusinha de barro

A infusinha de bar...

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Nunca fui bonita

Eu nunca fui bonita
E jeitosa também não
Digo com sinceridade
Não gostava da vaidade
Mas tinha bom coração

Mas tinha bom coração
Ainda continuo a ter
Vá lá eu pra onde for
Eu gosto de dar anor
E gosto de receber

E gosto de receber
Acreditem que é assim
Tenho estado a pensar
Tenho muito amor pra dar
Ainda sobra amor pra mim

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

AMOR AOS PAIS

Quem não deu a mão ao seu Pai
Nem estimou a sua Mãe
Se nunca lhe deu carinhos
E os deixou sempre sozinhos
Fica sozinho também.

Que isto sirva de lição
Embora tarde demais
É o que eu digo porém
Quem não deu amor aos Pais
Não recebe amor de ninguém.

QUERIA SER UMA ROSA

Se eu estivesse num jardim
Plantada num canteiro
Que todos gostassem de mim
E que tivesse jardineiro

E que tivesse jardineiro
Para me tratar com amor
Se estivesse num canteiro
Plantada ao pé de um craveiro
Ai se eu fosse uma flor

Eu queria ser uma rosa
Estar ao pé dos cravinhos
E já me chamam vaidosa
Por eu querer ser uma rosa
De uma roseira sem espinhos

ESTIVE A PENSAR NA VIDA

Eu estive a pensar na vida
Em tudo o que eu já vivi
Há quanto tempo não sei
O que em muitos anos juntei
Em pouco tempo perdi

Perdi a minha mocidade
E também a alegria
Só ficou a saudade
Comigo de noite e dia

Comigo de noite e dia
Não me deixa sossegar
O que é que eu faço agora
Que mando a saudade embora
E ela não quer abalar

NÃO PASSES À MINHA RUA

Eu estive um dia à janela
Só para te ver passar
Tu ias ao lado dela
E eu fiquei triste a olhar

Vou-te pedir um favor
Agora que já não sou tua
Arranjaste um novo amor
Não passes mais à minha rua

Não passes mais à minha rua
Para eu deixar de sofrer
Eu estive um dia à janela
Era só para te ver

Era só para te ver
Mas a vida continua
Não passes onde eu moro

Que eu não passo à tua rua

OS VELHINHOS

Não chames velhos aos velhinhos
E não vás continuando
Nem faças sacrifício
Porque tu sem dares por isso
Para lá vais caminhando.

Um dia quando fores velho
Também te irão chamar
Aí começas a sofrer
Que o tempo passa a correr
Quando a velhice chegar.

Um dia me chamaram velha
Eu fiquei triste porém
Agora o tempo passou
E quem velha me chamou
Já está velhinha também.

Dêem-lhe amor e carinhos
E não os tratem diferente
Não os deixem estar sozinhos
Tratem bem os velhinhos
Porque eles também são gente.

NUMA NOITE OUVI CHORAR

Numa noite ouvi chorar
No meio da escuridão
Acordei assustada
A cama estava molhada
Chorava o meu coração

Chorava o meu coração
Estava muito desmorecido
Eu chorei e ele chorou
Que o meu coração sonhou
Sonhou que eu tinha morrido

Sonhou que eu tinha morrido
E que ee estava sozinho
Dizia não pode ser
Como é que eu vou viver
Sem ter amor nem carínho

E eu lhe respondi
Com um ar assim risonho
Deixa-te estar descansado
Que eu estarei sempre a teu lado
Que aquilo foi só um sonho

A ROSEIRA

Eu dei uma rosa à rosa
A roseira não gostou
E até me chamou vaidosa
Por eu dar uma rosa à rosa
Da rosa que ela criou.

Agora eu fiquei triste
A roseira também ficou
Só a vejo da janela
Nunca mais falei com ela
E a roseira quase secou.

Um dia ia a passar
Logo de manhãzinha
Ouvi a roseira chorar
E a mim se veio abraçar
E ofereceu-me uma rosinha.

Eu fiquei muito contente
Mas já não vou em cantigas
Vou dizer a toda a gente
Que agora somos amigas
Como era antigamente.

OS MEUS OLHOS

Os meus olhos com chorar
Deixaram o chão molhado
E o coração a penar
E o peito tão mal tratado

Os meus olhos são marotos
Castanhos e pequeninos
Parecem dois garotos
Mas dois garotos traquinos

Olham em todo o sentido
Não posso estar descansada
Com um olhar atrevido
Que eu fico envergonhada

Às vezes riem de mim
Tenho de os repreender
Os dois me dizem assim
Os olhos são para ver

Os olhos são para ver
Parece um dito sincero
O que eles não podem saber

É que vêm o que eu não quero

CORAÇÃO AMIGO

Ó coração meu amigo
Companheiro e dedicado
Entendes tudo o que eu digo
Estás sempre do meu lado

Se choras eu também choro
Se sorris sorrio também
Ó coração meu amigo
Não somos de mais ninguém

Tu és meu e eu sou tua
Não é de qualquer maneira
Porque enquanto tu bateres
É a nossa vida inteira

Um dia quando parares
Não vou contar a ninguém
Digo com delicadeza
Podes ter a certeza

Aí eu paro também

O VENTO QUE PASSA

Perguntei ao vento que passa
Se sabia a minha graça
De tanto passar por mim

O vento não disse nada
Eu fiquei envergonhada
De lhe ter falado assim

O vento abalou soprando
E ali fiquei olhando
Para ver aonde ele ia

Vê lá bem por onde vás
E o vento voltou para trás
Para me dizer bom dia

Fiquei feliz e contente
Fui contar a toda a gente
Que o vento era meu amigo

E vamos de lado a lado
Juntinhos de braço dado
E o vento fala comigo

A MINHA RUA

A minha rua é pequenina
Não tem muito p’ra contar
As pedrinhas são singelas
E tem flores nas janelas
Eu gosto de cá morar

É a rua dos bombeiros
Pequena mas não tem fim
Este nome é verdadeiro
O meu marido era bombeiro
E a rua se chama assim

Não sujes a minha rua
Quero que seja diferente
Porque ela é minha e tua
A rua é de toda a gente

Quando alguém cá passa
E que eu a ando a varrer
Até me dizem por graça
Assim num ar de chalaça:
‘não tens nada p’ra fazer?’

Eu quero-a sempre limpinha
Debaixo da minha asa
Porque ela é minha e tua
Lembra-te que a nossa rua
É parte da nossa casa

QUERIA SER UMA ROSA

Se eu estivesse num jardim
Plantada num canteiro
Que todos gostassem de mim
E que tivesse jardineiro

E que tivesse jardineiro
Para me tratar com amor
Se estivesse num canteiro
Plantada ao pé de um craveiro
Ai se eu fosse uma flor

Eu queria ser uma rosa
Estar ao pé dos cravinhos
E já me chamam vaidosa
Por eu querer ser uma rosa
De uma roseira sem espinhos

FIZ UM PEDIDO A DEUS

Meu Deus desce a terra
Nem que seja um só segundo
Para acabar com a guerra
Meu Deus vem salvar o mundo.

Meu Deus vem salvar o mundo
Rezando te estou a pedir
Nem que seja um só segundo
Meu Deus deita as mãos ao mundo
E não o deixes cair.

Fizeste-o com tanto amor
Para nada nos faltar
Eu te peço por favor
Desce à terra meu Senhor
E vem o mundo salvar.

EU OUVI BATER À PORTA

Eu ouvi bater à porta
De noite a hora morta
Assustei-me de verdade

Acordei estava a dormir
E a porta fui abrir
Quem batia era a saudade

Eu ali fiquei a ver
Não sabia o que fazer
E ela para mim a olhar

De noite a hora morta
Ali eu fechei a porta
E não a deixei entrar

Saudade vai-te embora
Leva contigo o desgosto
Só me fizeste sofrer

Não quero sentir correr
Num uma lágrima no rosto

A saudade abalou chorando
E eu da janela olhando
E contei à minha mãe

Coisa assim não existe
A saudade abalou triste
E eu fiquei triste também

Eu fiquei triste também
Olhando da minha janela
Acreditem que é assim

Tem saudades de mim
E eu tenho saudades dela

FLORES ZANGADAS

Eu fui regar o jardim
Que tenho no meu quintal
As rosas e o alecrim
Até me tataram mal

Até me tataram mal
Estão comigo zangadas
Que eu fui regar o jardim
E ficaram todas molhadas

E ficaram todas molhadas
Deu-me vontade de rir
Que eu fui regar o jardim
Ainda estavam a dormir

E o malmequer não gostou
De eu virar as costas a rir
Fizeram uma barulheira
Cantaram a noite inteira

E não me deixaram dormir

Quando me levantei
Inda estava zangado
Foi de qualquer maneira
E eu abri a torneira
Foi água por todo o lado

Aquelas lindas flores
Que eu tenho no meu jardim
E a quem eu chamava amores
Já não gostam de mim.

Já não gostam de mim.
São bonitas e tão belas
Estamos muito bem assim
Se já não gostam de mim
Eu também não gosto delas

Eu também não gosto delas
E tenho estado a pensar
Agora está tudo verde
Mas quando tiverem sede
Nunca mais as vou regar

sábado, fevereiro 10, 2007

Foto da Idília

Já me têm escrito a pedir para deixar aqui uma foto da Idília Leocádio. Aqui fica.

Esta foto foi tirada à saída do Salão Nobre da CMS. Depois de um encontro de poesia em 2006.

domingo, janeiro 28, 2007

Marido à antiga

Mulher minha eu não quero
Debruçada na janela
Se é bonita todos a querem
Se é feia gozam com ela

Eu quero a minha mulher
Debaixo da minha asa
Faço tudo o que ela quer
Mas quero a mulher em casa

Não quero que ande pintada
E nem use mini-saia
Nem blusa degotada
E nem bikini na praia.

Porque a minha mulher
É presente que Deus me deu
Quem trata de mim é ela
E quem lhe dá amor sou eu.

A sinceridade

Onde está a sinceridade
E aquela linda amizade
Como noutro tempo havia
Hoje recordo com tristeza
No meio de tanta pobreza
Havia muita alegria

Havia muita alegria
Coisa que hoje não existe
Agora já não me iludo
Porque hoje temos quase tudo
E quase tudo anda triste

E quase tudo anda triste
É assim no mundo inteiro
Hoje recordo com saudade
Daquela linda amizade
Que valia mais que o dinheiro

A escola da vida

Aprendi na escola da vida
E ainda estou aprendendo
Tudo o que eu sei na vida
À vida eu estou devendo

Ela me ensinou a viver
E me ensinou a amar
Até me ensinou a sofrer
E ensinou-me a perdoar

A vida me deu a vida
Para eu a viver e estimar
O que aprendi com a vida
Tenho tendado ensinar

Que a vida tudo me deu
E tudo me tem levado
O que eu pensava que era meu
Afinal era emprestado

Idília Leocádio
2007/01/28

Setúbal és tão bonita

Setúbal és tão bonita
Gosto muito de te ver
Tens uma paisagem tão bela
És uma linda aguarela
Ai se eu soubesse escrever.

Eu escrevia uma história
Como ainda ninguém escreveu
Que guarde na minha memória
Eu escrevia a tua história
Como Setúbal nasceu.

Ela nasceu pequenina
Cresceu e fez-se mulher
A ela ninguém ensina
Que logo desde pequenina
Sabe bem o que quer.

Sabe bem o que quer
E nunca fica indiferente
É uma linda aguarela
Sejam ou não filhos dela
Ama e estima toda a gente.

Para todos está a sorrir
É tão bonita e bela
Mas se dizem mal dela
Ai eu não gosto de ouvir.

Dizem que ela anda suja
De quem é a culpa afinal
Culpados são os que são
Que atiram tudo para o chão
Para depois dizer mal.

Idília Leocádio
2007/01/28

quinta-feira, dezembro 07, 2006

O TRABALHO

Oh trabalho vai-te embora
Que eu já estou desesperado
Só de pensar em trabalho
Fico logo cansado

Fico logo cansado
A todos eu vou contar
Inventaram o trabalho
Mas não querem trabalhar

Mas não querem trabalhar
O que é que eu faço agora
Estou cansado de gritar
Oh trabalho vai-te embora

Oh trabalho vai-te embora
Que eu já estou desesperado
Eu não posso trabalhar
Porque já nasci cansado

2006-12-07

segunda-feira, dezembro 04, 2006

A Srª Idília Leocádio

A Srª Idília Leocádio
Tem umas idéias fernéticas
No seu lindo pensamento
Descobriu há pouco tempo
Que tem uma veia poética

Faz versos de ocasião
Que me deixam encantado
Alguns que me fazem rir
Mas gosto muito de ouvir
A Srª Idília Leocádio

São lindas as suas quadras
Lindas as suas malécticas
Não sabe ler nem escrever
Mas para quem compreender
Tem umas idéias fernéticas

Tem artrites reumatóides
Tem um grande sofrimento
Não é feliz o seu estado
Mas recordar o seu passado
No seu lindo pensamento

Tem uma linda colectânea
Tem versos feitos ao vento
Com a linda voz que tem
E que canta muito bem
Descobriu há pouco tempo

Puxem por ela e verão
Que não é nada patética
Mostrando os dotes que tem
Irão descobrir também
Que tem uma veia poética.

Feito pelo cunhado Gualdino Maria Costa
Nov/2006

sexta-feira, novembro 03, 2006

AS PEDRAS DA MINHA RUA

As pedras da minha rua
Entendem tudo o que eu digo
Quando vou a passar
Se elas me ouvem chorar
As pedras choram comigo

As pedras choram comigo
Porque é sua a minha dor
Elas estão magoadas
Tristes de serem pisadas
E eu triste sem ter amor

E eu triste sem ter amor
Porque é que a vida é assim?
E eu vivo desiludida
Eu dei tanto amor na vida
Que hoje não tenho amor p’ra mim

sexta-feira, setembro 29, 2006

TENHO CIÚMES

Tenho ciúmes de tudo
Até das pedras da rua
Elas me fazem lembrar
Do tempo que eu era tua

Do tempo que eu era tua
E que tu nem me ligavas
Mas com as pedras da rua
Sempre as acarinhavas

Sempre as acarinhavas
E eu via passar o tempo
Em que tu não te importavas
De todo o meu sofrimento

De todo o meu sofrimento
Do tempo que eu era tua
Por isso eu tenho ciúmes
Até das pedras da rua

quarta-feira, setembro 27, 2006

PERDI MEU CORAÇÃO

Convidaram-me para uma festa
Foi uma grande confusão
O que se passou não sei
Quando a casa cheguei
Não tinha meu coração

Não tinha meu coração
E nem sei que se passou
Que mal tería eu feito,
Ou ele fugiu do peito
Ou alguém que mo roubou

Voltei de novo à festa
E abalei a chorar
Quando ia pelo caminho
Encontrei um rapazinho
Com o meu coração a brincar

Eu fiquei muito feliz
Mas ele ficou zangado
E me respondeu assim,
Não quer mais p’ra mim
Não gosta de estar fechado

Não gosta de estar fechado
Faça eu o que fizer
Diz que não gosta de mim,
Que eu não faço o que ele quer

O TEMPO

Eu fui procurar ao tempo
Quanto tempo o tempo tem
O tempo não tinha tempo
Para falar com ninguém

Para falar com ninguém
E eu fiquei amargurada
Perdi o tempo com o tempo
Não tenho tempo para nada

Não tenho tempo para nada
E o tempo nem se comoveu
O tempo tem que devolver
Todo o tempo que era meu

Todo o tempo que era meu
O tempo tem que devolver
Porque perdi o meu tempo
E sem tempo não sei viver

E sem tempo não sei viver
Sem tempo não posso amar
Sem tempo não sei correr
Sem tempo posso parar


2006/09/27

sexta-feira, setembro 22, 2006

A VAIDADE

Não te entregues à vaidade
Para não ficares diferente
Seja de noite ou de dia
Não é boa companhia
Estraga a vida a muita gente.

Eu nunca fui vaidosa
Em toda a minha vida inteira
Digo com sinceridade
Eu não gosto da vaidade
Porque ela é traiçoeira.

Não precisa ter vaidade
Por a vida lhes correr bem
Quem não teve sorte na vida
Nunca a trates com desdém.

Eu gostava de ser rica
E não viver iludida
E saber como se goza
Mas se for para ficar vaidosa
Eu quero ser pobre toda a vida.

2002-10-17

UMA GAIVOTA

Uma gaivota no mar
Anda peixinhos pescando
E me viu aproximar
A gaivota foi voando

A gaivota foi voando
Fui seguindo o meu caminho
E me viu aproximando
Deixou cair o peixinho

Deixou cair o peixinho
Quando virou o pescoço
A gaivota foi chorando
Sem nada para o almoço

Sem nada para o almoço
Para dar ao seu filhinho
Eu me fui aproximando
Deitei-lhe um peixe no ninho

2004/03/21

UMA FLOR ABANDONADA

Tenho uma florzinha
Que se chama trepadeira
Estava triste e sozinha
Em cima de uma lixeira.

Não sei quem a abandonou
Quem ali a foi deixar
A florzinha chorou
Quando eu ia a passar.

Apanhei-a devagarinho
Estava triste quase morta
Plantei-a com jeitinho
Em frente da minha porta.

2001/10/17

TEMPO NÃO VOLTES PARA TRÁS

Tempo não voltes para trás
Lembra-te do que eu pedi
De novo te vou dizer
Que não me deixes sofrer
Tudo o que eu já sofri.

Parece que estou a ver
Como a minha mãe sofria
Eu era muito criança
Fiquei com a herança
Que foi da minha mãe um dia.

Era muito criancinha
Ia a minha mãe e eu
Agora que sou velhinha
Lembro-me da minha mãezinha
Sofro como ela sofreu.

2002/06/13

SE EU SOUBESSE ESCREVER

Se eu soubesse escrever
Muita coisa eu escrevia
Escrevia a minha tristeza
E também a minha alegria.

Não posso pôr num papel
Porque eu não sei escrever
Guardo na minha memória
Mas isso não dá para ler.

Julgam que eu estou alegre
Porque me ouvem cantar
Muita gente não percebe
Que eu canto p’ra não chorar.

Faço os meus versos cantando
E eu não sou cantadeira
Porque não os sei escrever
Faço-os à minha maneira.

2001/05/09

SE ESTOU ALEGRE

Se estou alegre
Canto e torno a cantar
E se estou triste
Canto para não chorar.

Porque a alegria
Pode vencer a tristeza
Ela vai-se embora
E não volta com certeza.

Por isso eu canto
Que assim me sinto bem
Porque não penso
Nas mágoas que a vida tem.

Não vale a pena
Levar a vida chorando
Desde pequena que eu vivo
A minha cantando.

SAUDADES

Que saudades que eu tenho
Da mocidade perdida
Que tão cedo me deixou
E disse-me que abalou
Foi dos desgostos da vida.

Era a minha companhia
Quer de noite quer de dia
Estava sempre comigo
Vou-te dizer a verdade
Minha linda mocidade
Deixaste-me por castigo.

Se tu puderes voltar
Cá estou eu para te abraçar
A qualquer hora do dia
Digo com sinceridade
Volta linda mocidade
E traz a minha alegria.

Sem ti não posso viver
E não sei o que fazer
Mas não falo com rancor
Tenho tanta saudade
Volta para mim mocidade
Traz contigo o meu amor.

2001/10/17

QUATRO ROSAS

Tenho uma rosa vermelha
E outra rosa cor-de-rosa
Uma branca e outra amarela
Não sei qual a mais cheirosa.

Quando eu passo por elas
Cada uma se agita
Querem ouvir eu dizer
Qual delas é a mais bonita.

E quando me vêm triste
E não digo nada a ninguém
E se me vêm chorar
As rosas choram também.

2001-07-25

QUANDO EU FOR À MINHA TERRA

Quando eu for à minha terra
Ainda te hei-de levar
Para veres como ela é linda
Onde eu gostei de morar.

É uma terra encantadora
Mais bonita do que eu digo
Quando eu for à minha terra
Hei-de te levar comigo.

Hei-de te levar comigo
Se quiseres ir passear
Se fores à minha terra
Não passas sem lá voltar.

2002/01/06

PORTINHO DA ARRÁBIDA

Fui ao Portinho da Arrábida
Nunca lá tinha ido
Ouvi cantar as cigarras
Como nunca tinha ouvido.

No rio andavam barquinhos
E as gaivotas a voar
Na serra os passarinhos
E eu na areia a brincar.

E eu na areia a brincar
Entendem bem o que eu digo
Eu gosto de ver o mar
Mas nadar não é comigo.

2002/07/17

POETA NÃO SEI PORQUÊ

Dizem que eu sou poeta
Alguns me chamam assim
Estou quase sempre calada
Sinto-me envergonhada
Tenho vergonha de mim.

Não é porque eu seja má
É de não saber escrever
E não ter ido à escola
Vergonha de alguém saber
Que um dia eu pedi esmola.

Já muitos me têm dito
Quando Me ouvem contar
Pedir até é bonito,
Vergonha sim é roubar.

2003/08/18

DESENHOS NAS NUVENS

Eu estive a pintar nas nuvens
Não tinha lápis na mão
Foi só com o meu olhar
E a minha imaginação

Vi lá desenhos tão lindos
Como nunca tinha visto
Vi uma mão acenar
E o rosto de Jesus Cristo.

Ponham-se bem a olhar
Com muita imaginação
Quanda uma nuvem passar
E os desenhos que lá estão

E os desenhos que lá estão
Lindos, são uma beleza
Não tinha lápis na mão
Que bonitos que eles são
Pintados p'la natureza

27/11/2003

PARA TI MINHA MÃE

A minha querida mãezinha
Ela partiu coitadinha
Deixou-me e foi-se embora.

Eu fiquei nela a pensar
Muito triste a chorar
Ainda a minha alma chora.

Mãe, porque é que tu abalaste
E por mim tanto choraste
E eu por ti estou chorando.

Mãe, e chora o meu coração
Porque hoje é dia da mãe
É para ti esta canção.

Eu juro enquanto eu viver
Enquanto eu puder ser
E enquanto eu for capaz

Sei que não te vou mais ver
Mas enquanto eu viver
Vou sempre onde tu estás.

Mãe, dona do meu coração
Nada mais te posso dar
Fiz para ti esta canção.

2002/05/05

OS MEUS PENSAMENTOS

Estes são os meus pensamentos
E parte dos desalentos
Que eu sofri na minha vida.

Digo com muita tristeza
Que eu passei com a pobreza
Que ainda não estou esquecida.

A minha mãe era pobrezinha
Para nos dar nada tinha
Nem um pouco de alegria

Ouve o que eu te vou dizer
Para nos dar de comer
Muitas vezes nem comia.

2002/01/06

OS IDOSOS

Meus avós eram velhinhos
Meu pai e minha mãe
Tão velhinhos que ficaram
Agora os anos passaram
E eu estou velhinha também.

Parece que estou a ver
Quando eu era rapariga
Agora mas que chatice
Estou entregue à velhice
Porque a idade me obriga.

2001/11/19

OS CAMINHOS QUE EU ANDEI

Andei estradas e caminhos
Do vale subi ao monte
Junta com os passarinhos
Bebia água na fonte

Com a enxada cavava
Arroz plantava à mão
E com a foice ceifava
Assim se ganhava o pão.

Começava a trabalhar
Assim que o sol nascia
Só o podia deixar
Quando o sol se escondia.

2002/05/09

O VENTO

Ó vento sopra baixinho
Segue lá o teu caminho
Mas não faças avarias

Porque isso era demais
Não faças vendavais
Como noutros tempos fazias

Eu morava numa casinha
Simples e já velhinha
Tu passavas apressado

Parece que vejo ainda
Aquela casinha tão linda
Que deixaste sem telhado.

E eu fiquei ao relento
À chuva ao frio e ao vento
Tu abalaste assim.

E vê lá se achas bem
O que me fizeste a mim
Não faças a mais ninguém.

2001/12/09

O VENTO QUE PASSA

Perguntei ao vento que passa
Se sabia a minha graça
De tanto passar por mim

O vento não disse nada
Eu fiquei envergonhada
De lhe ter falado assim

O vento abalou soprando
E ali fiquei olhando
Para ver aonde ele ia

Vê lá bem por onde vás
E o vento voltou para trás
Para me dizer bom dia

Fiquei feliz e contente
Fui contar a toda a gente
Que o vento era meu amigo

E vamos de lado a lado
Juntinhos de braço dado
E o vento fala comigo

2004/03/01

O PASSARINHO DA PAZ

Queria ser um passarinho
E que pudesse voar
Corria o mundo inteirínho
Só para a guerra acabar

Acabava com o ódio
E com a ganância também
Nunca mais havia guerra
Nem fome para ninguém

2002-10-17

O MEU TRISTE NATAL

Não gosto muito do Natal
O porquê eu vou dizer
Eu posso até estar errada
Dantes não havia nada
Para dar nem receber

Num dia de Natal
Levantei-me de manhãzinha
Vejam como agora é
À volta da chaminé
Para cada um uma laranjinha

E nós ficámos felizes
As laranjinhas descascando
Ficou tudo admirado
Quando olhámos para o lado
Os meus pais estavam chorando

Não vale a pena chorar
Só é preciso esperar
Aqui só mais um pouquinho
Não chores querida mãezinha
Se a laranja for docinha
Eu dou-lhes um bocadinho.

2002-10-17

O MEU ROSTO JÁ VELHINHO

Eu olhei as minhas mãos
E o meu cabelo branquinho
Aí chorei de desgosto
Quando olhei para o meu rosto
Meu Deus como está velhinho.

Ali fiquei a chorar
Quase não podia falar
Fiquei triste e amargurada

Fiquei desiludida
Sempre tratei bem a Vida
E ela não me deixou nada.

2002/02/24

O MERCADO DA POESIA

Fui ao mercado da poesia
Certo dia passear
Ia vender paciência
Mas ninguém ma quis comprar.

Eu voltei a insistir
E a pedir-lhe porém
‘leve um pouco de paciência
que não faz mal a ninguém.’

No outro dia voltei
Desta vez para comprar
Vi lá uma janela
Que eu gostava de levar.

Era a janela da esperança
Que me mostrava o mundo inteiro
Quando fui para pagar
Não me chegava o dinheiro.

Não me chegava o dinheiro
E eu fiquei arreliada
Fiquei com a paciência
Mas não me resta mais nada.

2001-08-05

O ANJINHO

Quando vou a caminhar
Deus manda-me sempre um anjinho
É para me acompanhar
E até comigo falar
Ao longo do meu camimho.

Assim nunca estou sózinha
Ando sempre acompanhada
Ao lado do bom anjinho
Vou seguindo o meu caminho
Nem dou pela caminhada.

06/10/2003

AMOR AOS PAIS

Quem não deu a mão ao seu Pai
Nem estimou a sua Mãe
Se nunca lhe deu carinhos
E os deixou sempre sozinhos
Fica sozinho também.

Que isto sirva de lição
Embora tarde demais
É o que eu digo porém
Quem não deu amor aos Pais
Não recebe amor de ninguém.

2002/02/20

NUMA NOITE OUVI CHORAR

Numa noite ouvi chorar
No meio da escuridão
Acordei assustada
A cama estava molhada
Chorava o meu coração

Chorava o meu coração
Estava muito desmorecido
Eu chorei e ele chorou
Que o meu coração sonhou
Sonhou que eu tinha morrido

Sonhou que eu tinha morrido
E que ee estava sozinho
Dizia não pode ser
Como é que eu vou viver
Sem ter amor nem carínho

E eu lhe respondi
Com um ar assim risonho
Deixa-te estar descansado
Que eu estarei sempre a teu lado
Que aquilo foi só um sonho

2006/09/20

MÊS DAS ROSAS

Mês de Maio, mês das rosas
No mês de Maio eu nasci
Aquelas rosas cheirosas
Que eu comprava para ti

Que eu comprava para ti
E até ficava vaidosa
No mês de Maio eu nasci
E não tenho nome de rosa

E não tenho nome de rosa
Nem de qualquer outra flor
Se o meu nome fosse Rosa
Era a rosa do meu amor

Era a rosa do meu amor
Queria-o sempre ao pé de mim
Se eu fosse uma flor
A minha casa era um jardim

2006/09/21

MAIS UMA VEZ A ESTÊVA

Tenho um pézinho de Estêva
Tenho três de rosmaninho
Que eu via sempre na serra
Quando fui à minha terra
Apanhei-os pelo caminho.

As florzinhas do campo
Lindas como as do jardim
Não têm jardineiro
São bonitas mesmo assim.

Quando chega a primavera
O campo fica um jardim
Brancas azuis e amarelas
Não posso ir par’ó pé delas
Trago-as par’ó pé de mim.

Foi no campo que eu nasci
Com as florzinhas vivi
E elas comigo também.
Mesmo à beira do caminho
Eu apanhava um raminho
E ia dar à minha mãe.

2002/04/15

JÁ NÃO SOU QUEM ERA ANTES

Já não sou quem era antes
A alegria foi-se embora
Os pensamentos estão distantes
Ai, o meu coração chora

Ai, o meu coração chora
Que me sinto tão cansado
Já não sou quem era antes
Já nem sei cantar o fado

Já nem sei cantar o fado
Que me sinto tão cansada
Já não sou quem era antes
Não tenho forças para nada

O verso que eu fiz agora
Há muito que não fazia
Porque o meu coração chora
Mas desta vez de alegria

2004/02/26

HOMEM TEIMOSO

Oh que raio de vida a minha
Oh que homem tão teimoso
Eu falo e torno a falar
Parece que lhe dá gozo

Parece que lhe dá gozo
De me ver sempre zangada
Eu falo e torno a falar
Ele não me responde nada
27/11/2003

GOSTO DA MINHA CASA

Gosto da minha casinha
Tão simples e pobrezinha
É pequena como eu.

Apesar de ser baixinha
Pobre mas ela é minha,
Presente que Deus me deu.

Eu gosto de morar nela,
Que é tão bela
Tenho amor e sinto carínho.

À noite vou-me deitar
Se me apetece chorar
Eu choro devagarinho.

Mas se ela me vê chorar
Fica a olhar
Só para me distrair.

E depois diz-me baixinho
Chora mais devagarinho
Para ninguém te ouvir.

Eu gosto muito dela,
Falo à janela
E ela comigo também.

Eu assim não tenho medo
Contei-lhe o meu segredo
E ela não diz a ninguém.

Como nós somos amigas,
Nem me digas
Estamos sempre juntinhas.

É assim todos os dias
Conta-me as suas avarias
E eu a ela conto as minhas.

2002/05/29

FUI PROCURAR AO VENTO

Eu fui procurar ao vento
Qual é o seu sofrimento
Porque anda sempre a soprar
E o vento me respondeu
Que a culpada era eu
Que não o deixo passar

E eu fiquei a olhar
Sem saber o que falar
Esta é a minha sina
Sei muito bem o que faço
Ocupo pouco espaço
E a minha casa é pequenina

Por isso podes passar
Não andes sempre a soprar
Que já me faz confusão
Ouve bem o que eu te digo
Vieste falar comigo
Com sete pedras na mão

1998/05/07

FUI PROCURAR À LUA

A Lua que está no alto
Lá de cima tudo vê
Eu fui procurar à Lua
Muita coisa que eu não sei.

Muita coisa que eu não sei.
Mas gostava de saber
Eu fui procurar à Lua
E ela não me quis dizer.

Falei-lhe dos meus amores
E até dos meus dissabores
E o que eu faço no dia-a-dia.

A Lua não disse nada
Ficou rindo à gargalhada
E disse-me que já sabia.

A Lua não é vaidosa
Mas é muito curiosa
Tu sabes e eu também sei.

Voa como um passarinho
Como está lá no altinho
Tudo sabe e tudo vê.

2001-11-30

FIZ UM PEDIDO A DEUS

Meu Deus desce a terra
Nem que seja um só segundo
Para acabar com a guerra
Meu Deus vem salvar o mundo.

Meu Deus vem salvar o mundo
Rezando te estou a pedir
Nem que seja um só segundo
Meu Deus deita as mãos ao mundo
E não o deixes cair.

Fizeste-o com tanto amor
Para nada nos faltar
Eu te peço por favor
Desce à terra meu Senhor
E vem o mundo salvar.

EU GOSTO DAS DUAS

Eu nasci na Aldeia
Vim morar para a cidade
Lá era à luz da candeia
E aqui electricidade.

Esta é uma Cidade linda
Que eu amo, estimo e adoro
Mas é a realidade
Quando me chega a saudade
Pela minha Aldeia eu choro.

E quando a vou visitar
Só regresso ao serão.
Para estar mais à vontade
Levo comigo a Cidade
Juntinho ao meu coração.

Se estou com uma quero a outra
E cada qual faz das suas.
Não sei o que dizer
Ou o que possa fazer
Só sei que gosto das duas.

Esta é a realidade
Acreditem porque é verdade
O que eu penso é mesmo assim
É como lhes vou dizer
Quem me dera poder ter
As duas juntinho a mim.

2001/01/21

ESTIMEM A NATUREZA

Eu gosto da Natureza
Gosto da noite e do dia
Podem ter a certeza
Se não fosse a Natureza
O Mundo não existia.

Gosto muito das flores
E eu adoro os amores
Que não tenham falsidade
Digo isto tanta vez
Gosto de tudo o que Deus fez
Para o bem da Humanidade.

Gosto do Céu e da Terra
Mas eu não gosto da Guerra
Porque só nos traz tristeza

Façam lá o que quiserem
E digam o que disserem
Mas estimem a Natureza.

2002/02/25

É NATAL

É Natal
Anda, vamos dar as mãos
Para mostrarmos ao mundo
Que somos todos irmãos.

Vamos esquecer o ódio
E por de lado a maldade
Para que todos os dias
Só haja felicidade.

Da minha janela eu vi
Um Anjo cheio de luz
Ele veio anunciar
A chegada de Jesus.

DUAS BALANÇAS

Fui comprar duas balanças
Que estão sempre ao pé de mim
Foi tão grande a confusão
Uma balança pesa o não
E a outra pesa o sim.

Estão sempre em desacordo
Porque os salários são iguais
Foi maior a confusão
A balança que pesa o não
Queixa-se que trabalha mais.

Agora fui-as mudar
Achei que era bem assim
Foi tão grande a confusão
A balança que pesava o não
Agora pesa o sim.

E a outra ficou zangada
Diz que não achou graça
‘’já não suporto esta gente’’
Diz que ficou doente
Foi-se embora está de baixa.

2001/01/06

DEI-TE TUDO NA VIDA

Tu fizeste um poema
Com cheirinho a alfazema
Rosmaninho e alecrim
E um pouquinho de erva doce
Quem me dera que fosse
Esse poema para mim

Esse poema para mim
Ia ficar encantada
Eu sei que tu és assim
Davas-me o poema a mim
Que nunca me deste nada

Eu dei-te tudo na vida
E o que me deste, tiraste
Eu vivia iludida
Até o gosto pela vida
Tu um dia me levaste

Quando te fui encontrar
Para contigo falar
E contar-te o meu sofrer
Tu não quiseste ouvir
Viraste as costas a rir
E não quiseste saber

2006/09/20

DA PRAIA AO ALENTEJO

Fui à praia vi o mar
E no jardim as flores
Fui à cidade passear
Vi poetas e doutores.

No campo vi passarinhos
E o gado andava a pastar
Guardado pelos cãezinhos
E os lobos a uivar.

Na aldeia vi raparigas
Que moram no cimo do monte
Cantando as suas cantigas
Quando vão juntas à fonte.

Vi um grupo de Alentejanos
Cada um com seu cajado
Meu Deus o que eu já fiz hoje
Que me sinto tão cansado.

Que me sinto tão cansado
O melhor é ir para a cama
Ele há tantos preguiçosos
Nós é que temos a fama.

2002/04/24